A ideia de usar detergente no concreto nasce diretamente da obra, não do laboratório. Em muitos canteiros, pedreiros procuram maneiras simples e baratas de deixar a mistura mais “mole”, mais fácil de espalhar e adensar. Assim, surge a “receita de obra”: colocar um pouco de detergente de cozinha na betoneira para melhorar a trabalhabilidade. Como o detergente custa pouco, vende em qualquer mercadinho e rende várias betonadas, muita gente enxerga nisso um atalho para ganhar tempo e reduzir esforço físico, principalmente em pequenas obras sem controle tecnológico formal.
O que o detergente faz na mistura?

Quando você coloca detergente no concreto, o produto não “mágica” o traço, mas atua como um tipo de aditivo plastificante caseiro. Em linguagem simples, o detergente incorpora pequenas bolhas de ar na mistura e reduz a tensão superficial da água. Por causa disso, o concreto escorre melhor, desliza com mais facilidade na forma e aceita adensamento com menor esforço. Em ensaios de abatimento (slump), traços com detergente mostram aumento significativo de plasticidade em comparação ao concreto sem aditivo e, inclusive, em relação a plastificantes comerciais em alguns casos. Dessa forma, o detergente no concreto cumpre o mesmo papel básico de um aditivo plastificante: melhora a consistência e a trabalhabilidade sem exigir aumento exagerado de água, o que ajuda a manter a resistência em níveis aceitáveis quando se compara apenas diferentes tipos de aditivo.
O que diz a pesquisa sobre detergente no concreto?
Como o estudo fez os testes?
Vários trabalhos experimentais analisam detergente no concreto de forma comparativa. Em linguagem simples, os estudos montam três traços básicos: um concreto de referência, sem aditivo; um concreto com detergente de cozinha neutro; e um concreto com aditivo plastificante comercial, como o Vedalit. Em seguida, os pesquisadores moldam corpos de prova e aplicam dois tipos de ensaio: o abatimento do tronco de cone (slump), que avalia a consistência e a trabalhabilidade, e a resistência à compressão, que mede “o quanto o concreto aguenta apertar” depois de curado. Assim, fica possível comparar, lado a lado, o comportamento dos três concretos.
Detergente no concreto aumenta a plasticidade?
Os resultados de consistência mostram que o detergente no concreto realmente aumenta a plasticidade. Em vários estudos, o traço com detergente apresenta o maior abatimento no ensaio de slump, muitas vezes acima do obtido com o plastificante comercial. Isso significa, na prática de obra, que o concreto com detergente escorre mais fácil, preenche melhor as formas e exige menos esforço para adensar com vibrador ou soquete. Para o pedreiro, o efeito aparece como um concreto mais “manso”, que espalha com menos trabalho e permite acabamento mais rápido, sobretudo em pequenas concretagens.
E a resistência à compressão, muda muito?

Quando se olha para a resistência à compressão, porém, o quadro fica mais delicado. Em geral, os estudos apontam que tanto o concreto com detergente quanto o concreto com plastificante comercial apresentam resistência menor que o traço sem aditivo, principalmente porque os aditivos, mal dosados, costumam vir acompanhados de mais água na mistura. No comparativo direto entre detergente no concreto e plastificante Vedalit, alguns resultados mostram resistências muito próximas, sem diferença estatisticamente significativa. Assim, o “problema” não está exatamente em detergente versus plastificante, e sim em concreto com aditivo versus concreto de referência, o que reforça a necessidade de dosagem cuidadosa e uso responsável em estruturas.
Vantagens e riscos de usar detergente no concreto
Pontos positivos do detergente no concreto
Quando o assunto é custo, o uso de detergente no concreto seduz muita gente. O preço de um frasco comum fica bem abaixo do valor de um aditivo plastificante comercial e, além disso, você encontra detergente em qualquer mercadinho de bairro, o que facilita bastante em obras pequenas e improvisadas. Outro ponto que alimenta essa prática envolve a trabalhabilidade: estudos e ensaios mostram aumento real de abatimento, ou seja, o concreto com detergente fica mais fluido, mais fácil de espalhar e de compactar, principalmente quando a equipe não possui vibrador ou equipamentos adequados. Dessa forma, para quem olha apenas o curto prazo e o esforço na hora da concretagem, o detergente no concreto parece solução simples, barata e eficiente.
Cuidados e limitações do detergente no concreto

Por outro lado, justamente onde o detergente se destaca como alternativa “popular”, surgem os maiores riscos. Não existe padronização de fórmula, marca, dosagem ou até de pH entre os diferentes detergentes de mercado; assim, cada frasco pode reagir de forma imprevisível dentro da mistura. Além disso, pesquisas apontam quedas significativas de resistência, aumento de porosidade, maior permeabilidade à água e, consequentemente, mais chance de infiltrações, carbonatação acelerada e corrosão de armaduras em concretos armados. Em termos de durabilidade, isso significa concreto mais frágil e com vida útil menor. Por isso, o uso de detergente no concreto não combina com elementos estruturais, vigas, pilares ou lajes críticas: nessas situações, o caminho seguro passa sempre por aditivos desenvolvidos especificamente para concreto, com ficha técnica, ensaios e respaldo normativo.
Quando faz sentido falar em detergente no concreto?
Pequenas obras, concreto simples e baixa responsabilidade
Quando o assunto é detergente no concreto, a prática aparece quase sempre em pequenas obras, com concreto simples e baixa responsabilidade estrutural. Em muitos canteiros, o pessoal usa esse “atalho” em calçadas, pisos de quintal, áreas de lavanderia e pequenas lajes sem função estrutural.
Nesses casos, a prioridade recai sobre trabalhabilidade e rapidez, não sobre desempenho de longo prazo ou requisitos estruturais mais rigorosos. Mesmo assim, vale diferenciar com clareza: detergente no concreto não combina com vigas, pilares, fundações ou elementos que suportam esforços importantes. A perda de resistência e o aumento de porosidade podem comprometer seriamente a segurança, principalmente em estruturas sujeitas a carregamentos significativos.
Quando o ideal ainda é o aditivo plastificante comercial
Por outro lado, quando você fala de obra estrutural, concretagem de grande porte ou qualquer situação com controle tecnológico mínimo, a conversa muda completamente. Em estruturas de edifícios, pontes, lajes nervuradas e fundações, o lugar de detergente no concreto simplesmente não existe. Nessas situações, o ideal sempre recai sobre aditivos plastificantes ou incorporadores de ar desenvolvidos especificamente para concreto, com ficha técnica, normas de referência e dosagem claramente definida em laboratório. Esses produtos passam por ensaios, garantem desempenho previsível e permitem ajustes finos sem colocar em risco a resistência e a durabilidade. Dessa forma, você mantém a trabalhabilidade desejada, mas segue dentro do que as boas práticas de engenharia recomendam.
Como explicar detergente no concreto para alunos e clientes?
Detergente como porta de entrada para entender aditivos

Quando você usa o tema detergente no concreto em uma explicação, você aproxima a teoria da realidade de obra. Em vez de começar falando de aditivos superquímicos, você parte de algo que todo mundo conhece: o detergente de cozinha. A partir daí, você mostra que, ao entrar na mistura, o detergente incorpora ar e deixa o concreto mais “mole”, portanto aumenta a plasticidade. Assim, fica fácil introduzir o ensaio de abatimento (slump) como forma de medir essa trabalhabilidade. Em seguida, você conecta o raciocínio: mais slump significa concreto mais fluido, mas, se vier acompanhado de água em excesso, pode reduzir resistência. Dessa maneira, o detergente no concreto vira exemplo didático perfeito para explicar o equilíbrio entre trabalhabilidade e resistência, base de qualquer discussão sobre aditivos.
Exemplo de experimento simples

Para fixar o conceito, você pode propor um experimento simples, que serve tanto para alunos quanto para clientes curiosos. Primeiro, você prepara três pequenos traços: um concreto sem aditivo, um com a mistura e outro com plastificante comercial. Depois, você realiza o ensaio de slump nos três, sempre com o mesmo procedimento, e compara visualmente o abatimento e a consistência.
Em seguida, você molda corpos de prova ou pequenos blocos e, após a cura, compara aparência, peso aproximado e resistência, mesmo que qualitativamente. Assim, todos enxergam na prática que a mistura aumenta a fluidez, porém não substitui, com segurança, um aditivo projetado para obra estrutural.