
Ponte Salvador-Itaparica: Desafios e o Futuro da Conectividade Baiana
A tão aguardada Ponte Salvador-Itaparica representa mais do que uma estrutura física; ela simboliza décadas de anseios e desafios para a infraestrutura da Bahia. Desde as primeiras discussões até os recentes avanços, a trajetória da ponte é marcada por promessas, entraves e, finalmente, a concretização iminente de um sonho.
Histórico e Atrasos da Obra
Décadas de Promessas e Ceticismo
A ideia de conectar Salvador à Ilha de Itaparica por meio de uma ponte surgiu há mais de meio século, com os primeiros registros de estudos na década de 1960. Em 1963, o governador Luiz Viana Filho prometeu a construção da ponte, e licitações chegaram a ser lançadas na década seguinte. Contudo, por muito tempo, o projeto parecia mais uma figura de retórica política do que uma obra concreta, utilizada frequentemente como promessa de campanha.
Enquanto alguns setores, como o empresariado e urbanistas, viam na ponte uma revolução na infraestrutura baiana, outras vozes alertavam para os riscos ambientais, impactos sociais e os altos custos políticos e financeiros de uma obra com tantas incertezas. Durante anos, o projeto oscilou entre euforia e ceticismo, sendo anunciado e abandonado diversas vezes. Somente a partir de 2019, a iniciativa começou a ser tratada com seriedade administrativa. Entretanto, a persistente demora na execução e os entraves jurídicos e ambientais alimentaram a sensação de que a ponte poderia nunca sair do papel, transformando-a em uma espécie de miragem sobre as águas da Baía de Todos-os-Santos.
Problemas Técnicos e Financeiros

A complexidade da construção da Ponte Salvador-Itaparica revelou desafios significativos. Uma das principais questões técnicas é a presença de rocha excessivamente maleável no vão central da ponte. O consórcio responsável pela construção investigou o solo até 200 metros de profundidade, e na sondagem do vão central, com 67 metros de lâmina d’água, encontrou rochas maleáveis. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, reconheceu a magnitude do desafio de engenharia, ressaltando que, no meio onde ficarão os pilares centrais, a rocha não apresentou boa qualidade.
O prefeito de Salvador, Bruno Reis, expressou sérias dúvidas sobre a viabilidade do projeto, destacando que as sondagens revelaram rochas maleáveis no fundo do mar, exigindo estruturas especiais para os pilares. Além disso, ele criticou a gestão do projeto, cujo contrato já teve um aumento de 50% antes mesmo do início das obras. A movimentação do mar e a idade geológica da Baía de Todos-os-Santos também contribuem para a variação da qualidade do material rochoso. Essas dificuldades resultaram em um desafio maior para a fundação no vão central, embora as empresas do consórcio assegurem sua capacidade de enfrentá-las.
Adicionalmente, a pandemia de Covid-19 impactou o cronograma da obra. As condições macroeconômicas nacionais e internacionais mudaram, resultando em um aumento extraordinário nos preços dos insumos da construção civil e nos custos de financiamento. Embora a Concessionária tenha inicialmente adotado medidas para equacionar essas questões, o volume de pleitos levou o Governo e a Concessionária a buscar uma repactuação contratual mais ampla.
Processo de Conciliação e Novo Acordo Contratual

A busca por soluções para os entraves técnicos e financeiros da Ponte Salvador-Itaparica culminou em um importante processo de conciliação. Em agosto de 2024, o Tribunal de Contas do Estado (TCE/BA) instaurou o processo de Solução Consensual de Controvérsias e Prevenção de Conflitos. Durante três meses, o TCE presidiu reuniões com representantes da Concessionária e do Governo, possibilitando a elaboração de uma proposta de conciliação.
Em fevereiro de 2025, o TCE homologou a proposta de conciliação para a execução da obra. Em abril de 2025, a etapa de sondagens geotécnicas na Baía de Todos-os-Santos foi finalizada após 12 meses de trabalho e um investimento de R$ 200 milhões. Esta fase de sondagem, que atingiu 200 metros de profundidade para coleta de material intacto, estabeleceu um recorde histórico no Brasil.
Finalmente, em 4 de junho de 2025, o Governo da Bahia e a Concessionária Ponte Salvador-Itaparica (CPSI) assinaram o novo acordo contratual, garantindo o avanço do projeto e o início efetivo das obras. O governador Jerônimo Rodrigues, ao lado de secretários de Estado e em reunião virtual com o ministro Rui Costa e o embaixador chinês Zhu Qingqiao, compartilhou a notícia. Este acordo, aprovado por unanimidade pelos conselheiros do TCE e pelo Ministério Público de Contas, também recebeu validação do governo chinês, marcando uma vitória para o povo da Bahia e para o próprio Tribunal de Contas. Com a assinatura, os próximos passos incluem a elaboração do projeto executivo e a mobilização dos canteiros de obras em Salvador e Vera Cruz, com previsão de início das obras em até 12 meses.
Ponte Salvador-Itaparica: Conectividade e Desenvolvimento para a Bahia

A Ponte Salvador-Itaparica emerge como um projeto transformador, prometendo redefinir a mobilidade e impulsionar o desenvolvimento econômico da Bahia. As novas informações e detalhes revelam um empreendimento ambicioso, com a colaboração de gigantes da engenharia e um foco claro nos benefícios para a população.
Novas Informações e Detalhes do Projeto
Consórcio e Prazo de Conclusão
A construção da Ponte Salvador-Itaparica tem previsão para começar em 2026, com conclusão estimada para 2032. Este projeto monumental conta com a expertise de um consórcio internacional, envolvendo empresas chinesas de grande porte e renome. A China Communications Construction Company (CCCC) e a China Civil Engineering Construction Corporation (CCECC) lideram este empreendimento. Ambas possuem em seu portfólio obras de grande escala, como a imponente ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, reconhecida como a maior ponte marítima do mundo. O contrato de concessão, com validade de 35 anos, estabelece as bases para uma parceria duradoura e estratégica.
Estrutura do Sistema Rodoviário
A ponte, com 12,4 km de extensão sobre o mar, conectará Salvador à Ilha de Itaparica, no município de Vera Cruz, consolidando-se como a maior da América Latina nesse tipo de travessia. Em Salvador, a ligação urbana partirá da região da Calçada, nas proximidades da Feira de São Joaquim, um ponto estratégico para a capital. Este acesso incluirá um complexo conjunto de viadutos e dois novos túneis, paralelos aos da Via Expressa, somando 4 km de novas estruturas viárias até a cabeceira da ponte.
No lado de Vera Cruz, o sistema rodoviário se expandirá com uma via expressa de 22 km, que se estenderá por Mar Grande até as proximidades de Cacha Pregos. Além disso, um trecho de 8 km da BA-001, entre Cacha Pregos e a Ponte do Funil, passará por duplicação. A mobilização dos canteiros de obras em Salvador e Vera Cruz ocorrerá até o final de 2025, após a emissão da licença ambiental e as aprovações dos órgãos públicos federais, estaduais e municipais, indicando a proximidade do início efetivo das atividades.
Benefícios e Impactos Esperados

A Ponte Salvador-Itaparica transcende a função de mera obra de mobilidade, uma vez que se posiciona como um novo eixo de desenvolvimento econômico. Nesse sentido, as estimativas indicam a criação de mais de 7 mil empregos diretos durante a fase de construção. Gerará, portanto, um impacto positivo significativo na economia local. Ademais, o Governo da Bahia prevê um efeito duradouro sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do estado. Isso acontecerá integrando regiões turísticas estratégicas, aprimorando o escoamento da produção rural do interior e atraindo investimentos para setores como o mercado imobiliário, comércio e indústria.
Consequentemente, o projeto tem o potencial de beneficiar mais de 70% da população baiana, abrangendo cerca de 250 municípios. Fará isso ao encurtar distâncias, fortalecer o turismo e dinamizar o comércio. Outrossim, a obra impulsionará a valorização imobiliária, a atração de novos negócios e a logística agrícola e industrial no interior do estado. Bem como, fortalecerá o turismo nas zonas costeiras do Litoral Sul e Baixo Sul.
Comunicação e Transparência

A Concessionária Ponte Salvador-Itaparica (CPSI) assume, assim, um compromisso com a transparência e a informação. Com efeito, lançou perfis institucionais em diversas redes sociais, divulgando vídeos em 3D, entrevistas com técnicos e planos interativos. O objetivo principal é disponibilizar informações atualizadas, vídeos, imagens e detalhes técnicos sobre a construção da ponte, que transformará a mobilidade na Bahia e a vida de milhões de pessoas.
Adicionalmente, a comunicação vai além da simples divulgação; os canais digitais funcionarão como uma ouvidoria, fortalecendo o relacionamento com as comunidades locais e coletando contribuições de diversos. Desse modo, no canal do YouTube da Concessionária, é possível encontrar materiais que aprofundam as informações sobre os sistemas rodoviários de Salvador e Vera Cruz, incluindo projeções em 3D de cada trecho, vídeos das fases de sondagem em águas rasas e profundas, e reportagens veiculadas na imprensa. Consequentemente, esta abordagem visa garantir que todos tenham acesso a informações diretas e confiáveis sobre o andamento do projeto.
Ponte Salvador-Itaparica: Conectividade, Desenvolvimento e Detalhes do Pedágio
A Ponte Salvador-Itaparica representa um marco na infraestrutura da Bahia, prometendo transformar a mobilidade e impulsionar o desenvolvimento econômico da região. Para garantir a sustentabilidade e a manutenção dessa grandiosa obra, a estrutura de pedágio desempenha um papel fundamental.
Pedágio
Localização e Valores

A operação da Ponte Salvador-Itaparica incluirá duas praças de pedágio estrategicamente localizadas. Uma delas estará na região de Mar Grande, enquanto a outra se situará nas proximidades da Ponte do Funil. Ambas as praças ficarão no município de Vera Cruz.
Quanto aos valores, a tarifa na praça de pedágio de Mar Grande será de R$ 45. Na praça da Ponte do Funil, o valor estipulado é de R$ 5. É importante notar que existe uma política de retorno para os usuários.
Se o motorista sair de Salvador em direção à Ilha de Itaparica (ou vice-versa) e retornar dentro de 24 horas, pagará uma tarifa de retorno reduzida de apenas R$ 5 na praça de pedágio de Mar Grande. A Concessionária e o Governo do Estado definiram esses valores com base em janeiro de 2019. Eles se atualizam conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), um mecanismo comum para garantir a adequação econômica ao longo do tempo. O contrato assinado com o Governo do Estado estabelece os valores. Isso significa que a concessionária não pode alterá-los.
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